Problemas e soluções para o transporte metropolitano de massa
Marinho *
Investir em transporte público de massa é a única solução sustentável a longo prazo para
o problema da mobilidade nos grandes centros urbanos, particularmente nas áreas
metropolitanas. Isso parece ser consenso entre os especialistas, assim como a
necessidade de garantir a fácil integração entre os diversos meios de transporte.
O problema aparece, claro, quando se sai do diagnóstico para a implementação de projetos
dessa natureza. Eles requerem, além de vultosos recursos, coordenação entre diversos
entes federativos já que a questão ultrapassa limites entre municípios. Assim, governos
federal, estadual e municipal devem se envolver para encaminhar soluções viáveis para o
transporte público nas grandes regiões metropolitanas, o que representa melhoria na
qualidade de vida e, cada vez mais, ganhos econômicos e competitivos.
Essa coordenação e a obtenção desses recursos são justamente os fatores que tem levado
ao sucesso do Projeto Metrô Leve, que estabelecerá nova ligação entre o Grande ABCD e
São Paulo, destino diário de muitos dos mais de 2 milhões de cidadãos das sete cidades
da região. A ideia é que o Metro Leve, que funcionará por meio de um sistema segregado,
conecte o bairro de Alvarenga, em São Bernardo do Campo, à futura estação Tamaduateí de
metrô, passando por São Caetano.
Hoje a conexão por transporte público entre Grande ABCD e metrô é realizado por ônibus
intermunicipais e pelos sistemas de trólebus e trens. Quem utiliza qualquer um desses
meios, seja em horário de pico ou não, pode perceber com facilidade o quanto essa obra
é necessária para mudar o quadro de lotação e desconforto crônico com que sofrem os
passageiros.
Essa necessidade fica ainda mais clara quando se constata que um desses meios, o sistema
de trens, atende apenas parte do Grande ABC, deixando de lado São Bernardo do Campo,
a cidade mais populosa da região, e Diadema.
O projeto do Metrô Leve é resultado de uma parceria entre Prefeitura de São Bernardo do
Campo, Governo do Estado de São Paulo e Governo Federal. E fruto de uma discussão
iniciada ainda no fim de 2008 com a Secretaria de Transportes Metropolitanos do Governo
do Estado.
A partir dessa discussão, o município contratou, ao custo de R$ 1,5 milhão, a elaboração
do projeto funcional – idéia de traçado e estudos técnicos de viabilidade. Esses
estudos iniciais deixaram claro que a alternativa do Metro Leve era a mais viável uma
vez que outras alternativas sofreriam ao longo de seu traçado várias interrupções em
função de semáforos. Sistema semelhante ao Metro Leve é utilizado com muito sucesso em
países como Japão, Coréia do Sul, Austrália e Portugal.
O acordo firmado entre as partes estabeleceu ainda o repasse de R$ 27,6 milhões do
Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, para a formulação do projeto básico
que será posteriormente contratado pelo Governo do Estado para executar a obra. Caberá
ainda ao governo estadual, através do Metrô, a elaboração dos estudos ambientais e os
procedimentos de licenciamento junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Somente
após esses estudos será possível definir o custo do Projeto Metro Leve.
A forte segregação da linha prevista no projeto elaborado pela Prefeitura, além de
garantir rapidez no transporte, prevê ainda um conjunto de melhorias na própria via e á
reas do entorno do Metro Leve, como a ampliação e requalificação dos passeios, travessias
de pedestres, pavimentação e sinalização viária. A valorização dos bairros e regiões
por onde passará o veículo é outro resultado esperado, e bem vindo, da obra, que promete
se tornar referência e resultar em novo eixo de desenvolvimento regional.
O projeto inicial do Metrô Leve prevê 18 estações, passando essencialmente pelas
avenidas João Café Filho, Brigadeiro Faria Lima e Lauro Gomes até a rua Guido Aliberti,
em São Caetano, onde correrá em paralelo à linha de trem da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM), seguindo até a estação Tamanduateí. A previsão é que esse traçado
beneficie cerca de 300 mil passageiros por dia, o que equivale a 20 mil passageiros/
hora no chamado horário de pico.
Sozinho, cada administrador pode muito pouco e conseguirá menos ainda. A própria natureza
das regiões metropolitanas demanda soluções coletivas. Seja em relação à violência urbana
, saúde ou, como no caso, mobilidade urbana. Sem união de todos, uma solução para esses
problemas ficam cada vez mais distante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
OBRIGADO PELA SUA PARTICIPAÇÃO...
SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE!
VOLTE SEMPRE!